Os Vinhos da Alemanha

Como ocorre em vários outros países europeus, ninguém sabe com certeza quando o vinho começou a ser produzido na Alemanha. Estima-se que as videiras já existiam na Europa há dezenas de milhares de anos, mas provavelmente o vinho começou a ser produzido há cerca de 8.000 anos. Com toda a certeza, o que se bebia naquela época tem pouco a ver com o vinho que se conhece hoje. Os romanos levaram o vinho com suas legiões para várias partes da Europa, com a Alemanha aí incluída. Os romanos ocuparam a região no ano 100 a.C. Com eles chegaram as videiras. Poucas notícias existem sobre o vinho nesta época, mas na Idade Média os mosteiros cristãos foram instalados nessas terras, e bons vinhedos foram implantados pelos monges. Durante séculos os vinhedos pertenceram à Igreja. Tal e qual como ocorreu na França após a Revolução, os vinhedos foram desapropriados, sendo leiloados para particulares.

O vinho branco é uma especialidade alemã, caracterizando-se pela fruticidade, equilíbrio, qualidade, frescor e elegância. São várias as regiões produtoras, mas estas características permanecem em todas elas. A Alemanha possui atualmente cerca de 100.000 hectares de vinhedos em produção, dos quais 80% são de cepas brancas e 20% de cepas tintas. Indubitavelmente os brancos são responsáveis pela fama de seus vinhos. Pelas normas que regem a produção, um vinho pode ser considerado como varietal se 80% ou mais de seu conteúdo for proveniente de uma só uva. As cepas cultivadas são as brancas Kerner, Riesling, Ruländer/Grauburgunder, Müller-Thurgau, Silvaner e Scheurebe. Entre as tintas estão a Spätburgunder, a Portugieser e a Trollinger. A Alemanha produziu cerca de treze milhões de hectolitros de vinhos em 2002, sendo 64% de vinhos brancos, e 36% de vinhos tintos e rosados.

As regiões produtoras de vinhos estão concentradas no sudoeste do país, sendo os mais setentrionais dos vinhedos europeus. De maneira geral estes vinhedos estão implantados em encostas que recebem boa insolação, desenvolvendo-se ao longo de vales dos maiores rios do país. Esta localização provê aos vinhedos períodos de neblina que protegem os vinhedos do congelamento de suas folhas e frutos. Evidentemente o micro-clima e as condições geológicas fornecem aos vinhos as suas características finais. As regiões vitivinícolas alemãs são o Vale do Ahr, Mittelrhein, Mosel-Saar-Ruwer, Rheingau, Nahe, Pfalz, Rheinhessen, Franken, Hessische Bergstrasse, Württemberg, Baden, Saale-Unstrut e Sachsen. A qualidade dos vinhos é determinada oficialmente pelo grau de maturação em que as uvas são colhidas. Normalmente as colheitas são realizadas entre outubro e novembro, variando de região para região. A colheita mais tardia proporciona maior maturidade às uvas e, consequentemente, altos teores de açúcar e melhores aromas e sabores. Os vinhos alemães são agrupados segundo a seguinte hierarquia:

  • Deutscher Tafelwein (Vinho de Mesa Alemão) ― Vinhos para serem consumidos no dia a dia, com preços acessíveis, necessariamente provenientes de uma das regiões autorizadas pelo governo ― Bayern, Neckar, Oberhein ou Rhein-Mosel. É a mais baixa classificação de um vinho alemão, que deve conter um mínimo de 8,5% de álcool em volume.
  • Deutscher Landwein (Vinho Regional Alemão) ― São vinhos mais elaborados, contendo no rótulo as indicações mínimas da região de origem, cepa empregada e se é seco ou semi-seco. Podem ser classificados como trocken ou halbtrocken, isto é, secos ou muito secos. São dezenove as regiões autorizadas, mas a produção não chega a 10% do total anual alemão. São os equivalentes alemães aos franceses vins du pays.
  • Qualitätswein Bestimmter Anbaugebiete (Q.b.A.) ― A grande maioria dos vinhos alemães é classificada nesta categoria, sendo 13 as regiões autorizadas a produzi-los, dentro de parâmetros estabelecidos oficialmente, admitindo-se a chaptalização controlada. Mais adiante estão relacionadas e descritas essas regiões.
  • Qualitätswein mit Prädikat (Vinho de Qualidade com Predicado) ― Estes são os melhores vinhos da Alemanha, reconhecidos internacionalmente. Devem seguir rigorosamente os parâmetros oficiais, além de não se admitir em nenhuma hipótese a chaptalização. São vinhos que devem ainda se enquadrar em uma das seis categorias descritas a seguir, segundo o grau de maturidade das uvas na colheita ― Kabinett, Spätlese, Auslese, Beerenauslese, Trockenbeerauslese e Eiswein.
  • Kabinett ― Vinhos produzidos com uvas colhidas em sua correta maturação, sendo leves e requintados, com ótimos aromas e sabores.
  • Spätlese ― Vinhos produzidos com uvas colhidas uma semana após o início da colheita dos Kabinett, estando totalmente maduras. São mais encorpados, com aromas e sabores acentuados, sendo secos e ótimos acompanhantes de pratos temperados.
  • Auslese ― Vinhos produzidos com uvas totalmente maduras, selecionadas entre as melhores dos cachos. De uma maneira geral são ligeiramente adocicados, de intensos aromas e sabores, sendo sofisticados e requintados. É possível se encontrar vinhos desta qualidade bem secos.
  • Beerenauslese (BA) ― São feitos com cachos de uvas super-maturadas, selecionados manualmente. Têm sabor doce intenso e são concentrados, indicados para acompanhar sobremesas, mas podem ser degustados sem guarnições.
  • Trockenbeerenauslese (TBA) ― Vinhos produzidos com uvas amadurecidas selecionadas individualmente e secadas quase a ponto de passas. São bem encorpados e extremamente aromáticos.
  • Eiswein ― Literalmente significa “vinho gelado”, com a intensidade dos Beerenauslese, produzidos com uvas já congeladas pelo frio do inverno, sendo bastante doce. Apresenta elevados predicados de fruticidade, acidez e doçura.
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