Mesopotâmia: vinhos da antiguidade

Se a produção de vinhos é entendida como uma invenção do Homem, e não como uma ocasionalidade, então devemos nos concentrar no Período Neolítico (8000 a.C. ― 4000 a.C.), quando as primeiras comunidades começaram a aparecer. As comunidades neolíticas do Egito e da Ásia Menor estavam prontas para explorar a agricultura e a pecuária. Nesta época, a culinária apareceu, dotando os cidadãos de métodos permanentes de temperar, fermentar, cozinhar e assar carnes e vegetais. Nasceram os pães, a cerveja e uma enormidade de tipos de carnes e grãos. Muitos objetos para a preparação, armazenamento e serviço de comidas foram encontrados em sítios pré-históricos, e potes de cerâmica já eram fabricados em 6000 a.C. As escavações arqueológicas no sítio neolítico de Hajji Firuz Tepe, nas montanhas de Zagros, no Irã, descobriram para a humanidade seis potes alinhados a uma das paredes de uma casa, em um cômodo que deveria ter servido como cozinha, pois aí foram encontradas também cinzas de madeiras queimadas. Depois de cozidos ao fogo, os potes de cerâmica ficavam praticamente indestrutíveis. Para a história do vinho estas escavações foram fundamentais, pois a análise de resíduos orgânicos nos potes mostrou a presença de tartaratos, provavelmente provenientes de uvas, e de resina de terebinto (um ótimo conservante para vinhos, usado na Grécia e em Roma). Rolhas ou tampas de cerâmica estavam junto aos potes, o que induz que os habitantes da casa já conheciam a preservação de vinhos e comidas. Em uma região quente como a Ásia Menor, a fermentação das uvas é natural, e o aparecimento do vinho foi uma conseqüência previsível. Com base nestes fatos relatados, pode-se acreditar com boa margem de segurança que o vinho devia ser conhecido em 8000 a.C., e com certeza consumido regularmente a partir de 6000 a.C. Como as terras da Mesopotâmia eram e são ainda muito secas e impróprias para a agricultura, é provável que seus vinhos fossem importados de Zagros, distante 600 km ao nordeste. O historiador grego Heródoto descreveu, nos idos de século V a.C., barcos de madeira carregados de tonéis de vinho sendo levados pelos rios tigre e Eufrates para a Babilônia.

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